Não é preciso falar muito para que todos saibam o quanto de água é desperdiçada pelo Daerp todos os dias. Basta olhar a quantidade de vazamentos espalhados pela cidade e que aguardam providências do órgão. Providências essas que demoram a chegar ou nunca chegam. Nesse meio tempo, a água pura do nosso precioso Aquífero Guarani vai sendo jogada fora, com índice de perdas absurdos e que a autarquia insiste em ignorar.
O índice de perda no processo de abastecimento de água chega a marca de 60%. Isso mesmo, sessenta por cento. Isso significa que para que você possa usar 100 litros de água na sua casa, é preciso extrair 250 litros do Aquífero, pois os outros 150 litros adicionais se perdem no meio do caminho. E isso é um total absurdo. Essa água desperdiçada poderia resolver o problema de abastecimento nas regiões da cidade que não são providas do necessário adequado.
O município informou ao Ministério das Cidades de que o órgão conseguiu reduzir o índice de perdas de distribuição, relacionada aos vazamentos na rede para 15,89% em seis anos. Mas quando solicitei informações técnicas que comprovem a taxa de perdas no sistema de abastecimento de água do município dos anos de 2009 até 2016, com os laudos técnicos através do Requerimento nº 38220 em abril de 2016, o órgão nem se deu ao trabalho de passar essas informações, respondendo apenas que esses dados estão no site da prefeitura. Como vereador, tenho a obrigação de fiscalizar as ações do Executivo. Mas quando recebemos informações falhas, é necessário encontrar outros meios de cobrar ações efetivas por parte da prefeitura.
De acordo com a Engenheira Ambiental Andrea Bombonato, o Balanço hídrico apresentado no Relatório e o Prognóstico de Água do Plano Municipal de Saneamento Básico não representa a realidade da cidade, já que os números utilizados são distorcidos e manipulados, pois chegam a apresentar um índice de perdas de 30%.
Isso significa má gestão, uma vez que o município poderia ter um padrão aceitável de perdas. Como exemplo, as cidades de Limeira e Campinas que possuem uma população de 300 mil e 1,17 milhões de habitantes, respectivamente, e possuem perdas na faixa de 12,9% e 19,5% de acordo com o “Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água” (estudo realizado em 2010 pela Agência Nacional de Águas – ANA).
Esses dados deixam claro que é possível, sim, diminuir o índice de perdas para padrões aceitáveis. Basta um esforço do município para substituir a tubulação antiga, reparar os vazamentos, construir mais reservatórios e instalar micro medidores. São medidas que podem e devem ser tomadas o mais breve possível pela administração pública para evitar que a situação se agrave e continue com esse desperdício de água pura.