Sobre nossos confetes e serpentinas

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Há anos participo do nosso Carnaval, a maior festa popular brasileira e um dos pontos fortes da união nacional. Quando bem organizado, proporciona um tempo de confraternização e muita alegria. Infelizmente, a prefeitura de Ribeirão Preto tem como tradição não aproveitar plenamente as oportunidades que o Carnaval nos oferece.

Alguns cidadãos reclamam do Carnaval, como se os gastos fossem a causa das mazelas da cidade. Não são. Dentro do orçamento municipal, as contas não se misturam e, portanto, não se tira dinheiro do lugar para se colocar em outro.  Por outro lado, temos fazedores de Cultura que dão o sangue pelas escolas e blocos, se desdobrando com verbas que, na verdade, são irrisórias. A festa fica aquém do que poderia ser, pois o atraso do dinheiro sempre prejudica o início dos trabalhos de planejamento, criação e materialização dos enredos. Também nos faltam políticas públicas integradas de Cultura, Educação e Turismo, que garantam a formação e o acompanhamento contínuo dos promotores e envolvidos com o Carnaval. Sejamos justos: praticamente abandonadas, essas pessoas fazem o melhor que podem.

Nossos Salões e matinés são bem estruturados e seguros, nossas Escolas de Samba são referências culturais para suas comunidades, nosso Afoxé é uma fonte riquíssima da cultura de matriz Africana e os nossos Blocos realizam resgates fundamentais da folia democrática das ruas. De um lado, podemos ter o Carnaval nos moldes da cidade grande e, com as agremiações de Bonfim Paulista, ainda sentimos o sabor das cidades pequeninas.

Percebo com pesar, que desperdiçamos riqueza criativa pela falta de investimentos adequados. Sim, pois Carnaval não é gasto, é investimento público! Quando levado a sério pelo governo, gera empregos e divisas, atrai turistas com poder de compra, fortalece a auto estima das comunidades, afasta a meninada das drogas, desenvolve artistas plásticos, músicos, técnicos diversos e fortalece nosso patrimônio cultural e histórico, entre muitos outros benefícios.

Seguindo a lógica das cidades criativas sustentáveis, o Carnaval do ano que vem deve começar agora. Segundo meu amigo Cordeiro de Sá, que é conselheiro municipal de Cultura, “precisamos trabalhar respeitosamente juntos com as entidades e agremiações com os conselhos e secretarias da Fazenda, Educação, do Turismo da Cultura, para que as verbas sejam reavaliadas e liberadas rapidamente e para que equipes de consultores colaborem com o desenvolvimento dos trabalhos de forma contínua.” Se começarmos agora, podemos criar uma linha de desenvolvimento e de envolvimento, que estimule a participação em massa das comunidades e o aumento do interesse de investidores privados, mudando tudo para melhor em curto ou médio prazo.

No entanto, se deixarmos essa discussão novamente para o final do ano, mais uma vez veremos a Colombina passar e nos restará apenas chorar as pitangas na sarjeta, abraçados a um sisudo Arlequim.

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