Em entrevista ao Programa Larga Brasa, na manhã desta quarta-feira, dia 25 de março, o vereador Marcos Papa denunciou falta de água na plataforma G-H do Terminal Evangelina Passig, base das linhas Ribeirão Verde e Geraldo de Carvalho. Crítico ferrenho do transporte público municipal, Papa também denunciou superlotação em horários de pico contrariando medidas de prevenção e combate ao coronavírus.
Um vídeo feito na noite da última terça-feira (24) mostra que duas portas dos sanitários da plataforma G-H foram furtadas, assim como o sifão de uma das pias. Ainda é possível ver na filmagem as duas torneiras do banheiro sem uma gota de água.
“A orientação é lavar as mãos com frequência, mas os motoristas e os usuários que utilizam essa plataforma estão impedidos por falha na fiscalização da Transerp, por complacência da Prefeitura e por desrespeito do PróUrbano”, frisou.
Papa ainda acrescentou: “Houve um furto, sim. Mas porque o terminal está tão vulnerável assim? Porque o PróUrbano dá calote no povo de Ribeirão Preto, não paga o dinheiro que estaria mantendo a equipe de fiscais da Transerp. Os terminais tornaram-se terra de ninguém. A higiene das mãos com sabão e água é a primeira ordem diante da pandemia que vivemos. Como pode um terminal não ter água?”.
O vídeo apresentado por Papa no Programa Larga Brasa foi feito no mesmo dia em que a Prefeitura divulgou uma matéria em seu site sobre a fiscalização realizada por fiscais da Transerp em terminais. A matéria não especifica quais terminais foram fiscalizados – apenas os que ainda serão -, mas afirma que “todos os terminais com banheiro contam com o sabonete líquido para a higienização dos usuários do transporte coletivo”.
Descumprimento judicial
Com base no relato de motoristas do PróUrbano, Papa também afirmou no Programa Larga Brasa que a concessionária descumpriu decisão judicial que determinou a redução de até 50% nas escalas da categoria. Após a liminar, o Consórcio afastou os profissionais com mais de 60 anos, mas teria sobrecarregado os demais.
“Segundo os próprios motoristas, desde segunda-feira, estão aplicando a escala de domingo o que faz com que a maioria trabalhe cerca de nove horas por dia. Não estão cumprindo a decisão da Justiça, que determinou a redução da escala”, ressaltou.
O vereador discorda da decisão do prefeito de reduzir em até 40% o transporte público. Para Papa, o Consórcio deveria contratar novos motoristas temporariamente para reduzir a escala dos profissionais que já atuam no sistema, mas ao mesmo tempo não expor a população a um risco maior com superlotações.
“Infelizmente nem todos podem trabalhar de casa e muitos utilizam o sistema para trabalhar diariamente. A Transerp deveria, sim, fazer adequações de modo a garantir uma distância segura entre os usuários dentro dos ônibus, e não reduzir a frota, principalmente em horário de pico. Os motoristas confirmaram que está havendo superlotação, além dos usuários que me acionam todos os dias”, destacou.
Risco e prejuízo à população
Há uma semana, a Transerp anunciou uma força-tarefa envolvendo o Consórcio PróUrbano na implantação de medidas de prevenção e combate ao coronavírus. As ações foram divulgadas cinco dias após Marcos Papa iniciar uma campanha pelas redes sociais exigindo constante e detalhada limpeza do transporte público. Porém, usuários do sistema continuam reclamando de sujeira nos ônibus, além de superlotação.
Durante coletiva de imprensa, o próprio prefeito Duarte Nogueira afirmou que houve descumprimentos por parte da concessionária, que seria notificada imediatamente pela Transerp. Ainda na entrevista de Papa no Larga Brasa, o apresentador Antônio Carlos Morandini afirmou que 39 linhas não foram cumpridas, segundo informações recebidas do superintendente da Transerp – que já teria notificado à Secretaria de Negócios Jurídicos -, e que o descumprimento foi constatado por meio do sistema de GPS.
“Estamos questionando o prefeito oficialmente para saber se houve autuações mesmo ou se foi algo para inglês ver. Posteriormente, encaminharemos as informações ao Ministério Público do Trabalho, que provocado pelo nosso mandato fiscaliza as condições de trabalho dos motoristas. Quem sabe com essa pandemia a Transerp venha a ter pulso firme para colocar o PróUrbano nos eixos”, enfatizou o parlamentar durante a entrevista.
E emendou: “O que de rotina não é bem feito numa hora de emergência, como essa, coloca a população em estado de caos mesmo. A Justiça foi enganada pelo PróUrbano com relação ao pagamento da taxa de gerenciamento, mas o prefeito sabe que é calote, que esses R$ 12 milhões seriam usados na fiscalização do serviço e deveria intervir nas empresas. O prefeito deveria dar um ultimato: ‘ou vocês pagam ou rescindimos o contrato’”.