Moção de Aplausos!

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A Câmara de Ribeirão Preto aprovou na sessão desta quinta-feira, dia 26 de maio, uma Moção de Congratulações e Aplausos, proposta pelo vereador Marcos Papa (Podemos), à jogadora de handebol feminino, Fernanda Ceresine Caporal.

A homenagem deve-se ao papel fundamental da ribeirão-pretana na conquista da primeira medalha do Brasil na 24ª Surdolimpíada, que ocorreu, esse mês, em Caixas, Rio Grande do Sul. O desempenho de Fernanda a consagrou como a artilheira da equipe.

Fernanda esteve na Câmara para receber pessoalmente os cumprimentos de Papa e dos demais vereadores. A atleta foi ao Legislativo acompanhada pelo pai Sílvio Caporal Júnior, que é coordenador de esportes, e pela avó Maria de Lourdes Benelli Caporal.

Ao agradecer a aprovação da Moção pelo plenário, Papa ressaltou que a atleta teve papel fundamental no título inédito ao fazer uma média de 12 gols por partida.

Essa Moção reconhece esse prêmio, mas também o esforço de toda a família da Fernanda, em especial do pai que viajou 1.300 km por conta própria para poder acompanhar os jogos. O Parlamento reconhece nesta noite também a promoção do nome da nossa cidade e a importância da promoção do esporte na vida das pessoas. Parabéns e obrigado, Fernanda Caporal!”, enalteceu Marcos Papa.

A justificativa da Moção destaca reportagem do Jornal Tribuna: “Fernanda Caporal, de RP, conquista medalha inédita para o Brasil e artilharia da 24ª Surdolimpíada”

Reportagem Jornal Tribuna

A primeira medalha do Brasil no handebol feminino, em uma competição olímpica adulta, veio pelas mãos fortes e habilidosas da ribeirão-pretana Fernanda Caporal, de 24 anos. Com a ajuda das companheiras, ela foi artilheira da 24ª edição das Surdolimpíadas com 71 gols em seis jogos, média de 11,8 por partida. Na decisão do bronze, no sábado, 14 de maio, o Brasil venceu o Quênia por 24 a 15, com 14 gols de Fernanda. A medalha de ouro ficou com a Dinamarca, que venceu a Turquia por 16 a 15.

Na classificação geral da competição, encerrada dia 15, em Caixas, Rio Grande do Sul, o Brasil ficou em 44º lugar, com seis medalhas de bronze. A campeã foi a Ucrânia, com 62 medalhas de ouro, 38 de prata e 38 de bronze, num total de 138.

Em segundo lugar ficaram os Estados Unidos, com 55 pódios (20 ouros, 11 pratas e 24 bronzes). Em terceiro, o Irã, com 14 ouros, 12 pratas e 14 bronzes, num total de 40. Foi a primeira vez que o torneio ocorreu na América Latina.

Fernanda, que liderou o Brasil para conquistar sua primeira medalha na modalidade, teve que vencer muitas outras dificuldades, como a falta de patrocínio e apoio do poder público. Foi com a ajuda de amigas, amigos e familiares que ela e o irmão, Felipe, atleta da seleção brasileira de basquete, que terminou a Surdolimpíada na 7ª posição, conseguiram recursos para custear a passagem e a inscrição.

A Confederação Brasileira de Desportos de Surdos recebeu patrocínio apenas para hospedagem e alimentação dos atletas. Fernanda e Felipe tiveram que arrecadar pelo menos R$ 3.500,00 cada um.

Felipe, 31 anos, atua no ramo de Tecnologia da Informação, é casado e tem dois filhos. Ele conta que não é fácil chegar até a seleção e que as dificuldades para quase tudo impõem outra tarefa de gigantes, que é vencer os adversários dentro da modalidade.

“Sabemos que eles têm investimentos que possibilitam treinar, se dedicar exclusivamente ao esporte. Essa diferença, que na teoria já é muito relevante, se torna ainda mais visível na prática, quando estamos numa competição desse nível. Os jogadores da Europa, por exemplo, são praticamente profissionais que participam de liga, com estrutura para treinamentos e remunerados”, explica.

Formada em fisioterapia, Fernanda atua na equipe de handebol de Ribeirão, entre atletas ouvintes (sem surdez), explica que alguns países mantêm as seleções em treinamento, com jogadoras juntas o tempo todo.

“Elas contam com um apoio muito grande, com treinos táticos, jogadas ensaiadas, trabalho de todo o grupo para colocar um time entrosado em todas as competições. Já o Brasil, pela falta de recursos, não consegue reunir as atletas e assim fica mais difícil pra gente. Mas lutamos muito, nos ajudamos umas às outras dentro de quadra, e estamos muito felizes pela conquista da medalha”, afirma Fernanda.

“Mãos Santas”

Assim como o jogador brasileiro de basquete Oscar, apelidado de “Mão Santa”, que recusou essa menção, explicando que sua mão era treinada, Fernanda reforça que seu talento para jogar, para marcar gols, vem de estudo, de treino, de dedicação. Ela também foi artilheira do Brasil no último Campeonato Mundial para Surdos, com 45 gols.

“Eu amo o que faço, tenho o apoio o tempo todo do meu pai, que foi atleta, da minha mãe, das amigas e amigos. Isso dá energia pra gente correr, batalhar, aperfeiçoar nossas capacidades. Vencer é um verbo coletivo. Vencer é uma caminhada que fazemos juntas com muitas pessoas. E tudo que recebo eu divido com minhas companheiras de time, de Ribeirão, da seleção, com todos”, ressalta

Pai viajou 1.300 km para ver os filhos jogar

O significado de “pai coruja” foi atualizado por Silvio Caporal, pai de Fernanda e Felipe. Ele saiu de Ribeirão Preto, de moto, percorreu cerca de 1.300 km até chegar a Caxias do Sul para poder acompanhar os filhos na Surdolímpiada

Silvio saiu de Ribeirão Preto no dia 8 de maio, um domingo, e chegou na cidade do Rio Grande do Sul no final da tarde de segunda-feira (9). “Esses quase 1.300 km não são nada. Eu enfrento qualquer coisa. Não meço esforços para ver eles. Depois do jogo do handebol feminino na quinta, conversei com as meninas e disse que queria levar uma medalha de volta para a minha cidade. Eu disse que viria, mas eles duvidavam um pouco”, afirmou Caporal em entrevista ao portal GZH.

No Brasil existem 10,7 milhões de deficientes auditivos, segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).