Liderança pela Acessibilidade recebe título de Cidadania Ribeirão-pretana

1816

O professor doutor arquiteto e urbanista José Antônio Lanchoti, recebeu o título de Cidadão Ribeirão-pretano nessa quarta-feira, 20 de maio, em sessão solene no plenário da Câmara Municipal de Ribeirão Preto. A iniciativa foi do vereador Marcos Papa. Na solenidade estiveram presentes mais de 100 pessoas, dentre estas diversas autoridades. A sessão foi presidida pelo próprio Marcos Papa, tendo a mesa composta por Wagner Figueiredo (Basquete sobre Rodas) José Roberto Geraldini Jr. (Cau BR), (prefeito de Brodowsky, terra natal do homenageado) e do representante da prefeita, secretário Fernando Pícolo (Sec. Planejamento e Gestão Pública). Todos discursaram de forma muito leve, lembrando “causos” de Lanchoti nas áreas acadêmica, profissional e da acessibilidade. O vereador fez o seguinte discurso de saudação a deu homenageado:

Lanchoti e PApa

“O professor doutor arquiteto e urbanista José Antônio Lanchoti, em alguns minutos se tornará oficialmente e por seu mérito, um cidadão ribeirãopretano. Lanchoti é um homem simples, reto, criativo, persistente e solidário que claramente norteia sua vida em busca de melhorias estruturais das cidades, seja na atuação direta sobre a legislação, em projetos ou no seu planejamento, sempre em busca de melhorar a vida das pessoas – muitas das quais nem o conhecem. Quando alguém cuida de uma cidade, na verdade, cuida de quem por ela passa e de cada um de seus habitantes.

Se para nós ele é o Lanchoti, no final dos anos 1980, o filho da Dona Rosa e do Seu Valdomiro era conhecido na faculdade de arquitetura da Universidade Federal Fluminense como Zé Brodowski, em alusão à sua terra natal. De lá pra cá, o estudante do interior que se gabava por ter nascido e crescido na terra de Portinari e que adorava fazer teatro, ganhou o coração e o respeito das pessoas da maioria dos lugares por onde passou.

Já carregando dois prêmios junto com seu recém adquirido diploma – o Arquiteto do Amanhã pelo IAB/RJ e o Ópera Prima pela ABEA – ele começou a lecionar na Universidade de Franca e chegou em nossa cidade em 1993, para dar aulas de arquitetura e urbanismo no Centro Universitário Moura Lacerda onde, mais tarde, acabou coordenando o curso por dez anos. Hoje, também leciona no Centro Universitário Barão de Mauá, tendo passado pela Universidade Paulista (Unip). Como professor, orientou e ajudou a formar centenas de urbanistas, acendendo a chama da responsabilidade social na maior parte deles. Fez seu mestrado na Escola de Engenharia São Carlos USP e o doutorado, que também versou sobre o tema da Acessibilidade, na FAU USP São Paulo.

Suas raízes se aprofundaram por aqui quando passou no concurso e assumiu seu cargo na Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão Pública. Em consequência de seu bom trabalho, Lanchoti se tornou uma das primeiras vozes ativas do Brasil a favor da acessibilidade, colaborando com a revisão de normas técnicas, planos diretores e outras leis, divulgando pelos quatro cantos do país a urgência da construção e da adaptação de espaços públicos e privados a partir do design inclusivo – conceito de que pessoas com deficiência não têm mais que se adaptar ao espaço, mas o contrário, a cidade deve ser produzida realmente para todos, sem distinção, para que as diferenças não sejam mais limitantes ou constrangedoras.

Não bastasse sua atuação acadêmica e a prática no serviço público, nosso amigo cujos dias deveriam ter 36 horas, procura participar ativamente de diversas entidades importantes: Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), Conselhos de Arquitetura e Urbanismo Estadual (Cau SP) e Nacional (Cau BR), Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura (ABEA), Conselho Nacional da Pessoa com deficiência (Conad), Conselho nacional das Cidades (ConCidades) e Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP), além de participar do Rotary Club e da Maçonaria.

Lanchoti publicou um livro bilíngue em Português e em Espanhol, em 2014, sobre Legislação de Acessibilidade, que é distribuído para todos os cursos de arquitetura e urbanismo do Brasil e dos países do Mercosul. Chegou a representar nosso país em várias oportunidades, como no Congresso da União Internacional de Arquitetos em Turim/Itália, onde foi recebido pelo embaixador brasileiro em Milão; integrando a equipe brasileira que avaliou as universidades dos países do Mercosul; ajudando a fundar a Associação das Escolas de Arquitetura dos Países de Língua Portuguesa em Lisboa/Portugal; e sendo um dos representantes oficiais do Brasil no Congresso da União Internacional de Arquitetos em Tóquio/Japão.

Toda essa vida intensa não o privou de formar uma família feliz em Brodowski. A esposa, Sulzer, os filhos Julia e João Francisco, certamente têm em Lanchoti o reflexo da alegria e de tantas realizações em seus 50 anos de vida, ao longo dos quais foi premiado diversas vezes: 2º Lugar no Professor nota Dez, da Associação das Mantenedoras privadas de São Paulo; Menções Honrosas da Associação dos escritórios de Arquitetura e Urbanismo do estado de São Paulo e do Cau nacional pela criação do Cau; e Profissional do Ano segundo AEAARP.

No entanto, mesmo essa bela homenagem que hoje temos a honra de entregar a este grande homem em nome da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, o título de Cidadania ribeirão-pretana, não será tão importante quanto as histórias que se conta e que ainda se contará sobre ele. Quem faz o bem sem esperar recompensas, quem procura melhorar o mundo pura e simplesmente para ver a alegria dos outros, sempre deixará sua marca. Preste atenção nesse “causo” que ilustra quem é, em essência, o bom amigo Lanchoti:
Em um certo Natal, ele se vestiu de Papai Noel para alegrar um grupo de crianças. No meio delas havia um jovem especial, que mesmo um pouco mais velho, ainda partilhava a idade mental dos companheirinhos. No final da festa, enquanto todos se entretinham desembrulhando seus presentes, Lanchoti foi até um camarim improvisado e começou a tirar a barba falsa, sem perceber que tinha sido seguido. Nesse momento, o garoto lhe deu um susto e um forte abraço. Chorando de alegria e apertando bem o Lanchoti, ele falava baixinho para manter o segredo que acabara de desvendar: “eu sabia que o Papai Noel só poderia ser alguém como você! Descobri sua identidade secreta, Lanchoti! Descobri sua identidade secreta!”

Esse é o nosso homenageado.”

Titulo LAnchoti