O jornal A Cidade entrevistou o vereador Marcos Papa (Rede), candidato a deputado federal. Leia a reprodução da entrevista concedida ao jornalista Marcelo Fontes.
A CIDADE: Se for eleito deputado, qual o principal objetivo do senhor?
MARCOS PAPA: Objetivo é tirar do papel, dando um prazo definitivo para a lei do saneamento básico. Eu quero criar a Lei de Responsabilidade Sanitária. Já tem oito anos do Plano Nacional de Saneamento Básico e as notícias mais recentes dão conta que os lixões no Brasil cresceram. Nós tivemos, principalmente no governo Dilma (Rousseff, PT) um excesso de prazo para os governos implantarem a políticas de saneamento básico em seus municípios. No caso de Ribeirão Preto, é um exemplo no percentual de esgoto tratado, mas tem números irrisórios na reciclagem de lixo. No caso dos quatros capítulos do saneamento (esgotamento sanitário, resíduo, água e drenagem), na água e resíduo Ribeirão Preto está atrasada. No caso da água porque desperdiça e no caso dos resíduos porque não recicla. Então falta um Congresso Nacional comprometido em tirar do papel, para implementar definitivamente as polícias de saneamento básico no País.
A CIDADE: Candidato, nesses dois anos, entre a eleição para vereador e a eleição atual, o que o senhor fez na vida pública que o credencia a ser escolhido deputado federal?
MARCOS PAPA: O brasileiro sabe o quanto nós precisamos combater a corrupção. Mas eu vejo muitos candidatos dizendo que vão combater estão no Legislativo há anos, mas nunca tomaram a iniciativa no campo do combate a corrupção. Das quatro linhas de investigação da Operação Sevandija, o meu mandato agiu diretamente em três. Eu sou o autor da representação contra os honorários da advogada Zuely (Librandi), fui presidente da CPI do Daerp e eu parava as sessões da Câmara Municipal porque a base aliada da ex-prefeita Dárcy Vera não queria votar as contas dela. Essa ação contundente contra a corrupção no primeiro mandato, ela acabou se desdobrando nesses dois anos do segundo mandato. Eu também afirmava que a autorização para exploração de publicidade nos pontos de ônibus era ilegal (foi dada pela gestão Dárcy Vera). E agora finalmente a prefeitura veio a público dizer que a autorização era ilegal. Esses espaços podem trazer, de acordo com o meu cálculo, R$ 12 milhões por ano ao transporte coletivo. Esses R$ 12 milhões podem baratear a tarifa em até R$ 0,40. Também consegui aprovar a Lei das Podas. Hoje qualquer empresa ou pessoa física que faça uma poda de árvore ela tem que ter recebido um treinamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e portar uma credencial.
A CIDADE: De acordo com o Ministério Público e com a Polícia Federal, as irregularidades ocorriam não só no governo Dárcy, mas também na Câmara. Por que o senhor também não denunciou os problemas do Legislativo (como a farra do RTI), assim como fez contra o Executivo?
MARCOS PAPA: Isso ficava escondido de tal forma em um conluio da Mesa Diretora com a diretoria da Câmara que eu não tinha acesso. Quando iniciei meu mandato, eles não deixavam eu publicar a minha relação de assessores. Eu fiz uma pressão política muito forte para que os nomes dos assessores fossem publicados no site da Câmara. Era um reino das trevas naquela Câmara. A Polícia Federal apreendeu planilhas que mostravam que os vereadores controlavam um caixa 2 de devolução de salários. O meu gabinete foi o mais barato da Câmara Municipal, custando em torno de R$ 500 mil em um ano. O gabinete dos vereadores da base aliada da ex-prefeita chegaram a custar R$ 1,2 milhão. Mas não tinha transparência, nada era publicado. Então precisou de uma força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Federal.
A CIDADE: O senhor garante que, se eleito, vai cumprir os quatro anos de mandato de deputado sem se candidatar a prefeito em 2020?
MARCOS PAPA: Meu compromisso é cumprir o mandato até o final. No primeiro mandato assumi o compromisso de cumprir os quatro anos e cumpri. Agora nesse segundo mandato, a população até queria que eu concorresse a prefeito, mas não tinha estrutura partidária. Agora se eleito deputado vou cumprir o mandato até o final.
A CIDADE: O senhor acha que é função de deputado destinar emendas parlamentares para a base eleitoral?
MARCOS PAPA: É lamentável que isso ocorra no Brasil ainda. Vejo deputados que fecham os olhos para a corrupção e se comportam como comparsas de governos corruptos. Depois distribuem esmolas em forma de emendas parlamentares. Em Ribeirão Preto isso existia e felizmente não existe mais. Entidades do terceiro setor desejam que isso volte, mas isso é fonte de corrupção. Normalmente parlamentares ligados a governado vão direto aos ministérios e as secretarias pedir obras para os corrais eleitorais. No caso das emendas parlamentares eu sou contra. O parlamentar tem a função principal de fiscalizar o Executivo.
A CIDADE: Na última eleição para presidente da República, a Rede apoiou, no segundo turno, Aécio Neves, do PSDB. Levando em conta essa situação, o senhor classifica a Rede como partido de direita, esquerda ou centro?
MARCOS PAPA: É uma definição complicada porque apanhamos da esquerda porque apoiamos o Aécio e apanhamos da direita porque a Marina Silva (candidata à Presidência) veio do PT. Mesmo a Marina tendo rompido com o PT porque viu de perto o mar de corrupção e lama que o governo de afundava. E também porque ela propunha matriz energética limpa. Nós não temos rótulo.
RESUMO:
Marcos André Papa
Nome da urna: Marcos Papa
Partido: Rede Sustentabilidade
Idade: 52 anos
Profissão: Empreendedor Social
Carreira: Está na quinta eleição. Já disputou três vezes para vereador e foi eleito duas vezes, além de ter concorrido para deputado estadual em 2010
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