Hoje tenho a alegria de partilho com você um artigo de uma de minhas assessoras, a Engenheira Ambiental Andréa Campaz Bombonato, que é formada pela Unesp de Presidente Prudente, SP, editora da revista “Veg Ribeirão” e presidente da Ong “Focinhos S.A”.
Nós vivemos na época do descartável, desde simples copos descartáveis a celulares e eletrodomésticos com vida útil curta. O que poucos sabem é que estamos fazendo parte de um jogo das indústrias, iniciado nas décadas de 1930 e 1940 nos países capitalistas, chamada “Obsolescência programada”, ou mais conhecido como “descartalização”. Esse é o nome dado à vida curta de um bem ou produto, projetado de forma que sua durabilidade ou funcionamento se dê apenas por um período reduzido. É apenas uma estratégia de mercado que visa garantir um consumo constante através da insatisfação, de forma que os produtos que satisfazem as necessidades daqueles que os compram parem de funcionar ou tornem-se obsoletos em um curto espaço de tempo, tendo que ser obrigatoriamente substituídos de tempos em tempos por mais modernos.
Infelizmente nós fomos contaminados com o vírus do consumismo, e a indústria apenas aproveitou a oportunidade para criar necessidades que antes não tínhamos.
Mas alguém tem que pagar por isso, e nesse caso, quem paga é o meio ambiente. Com a constante produção de novos produtos, as indústrias causam cada vez mais impactos ambientais, tanto na extração da matéria prima quanto na produção e transporte até o consumidor.
Além disso, o descarte desses equipamentos se dá de forma inadequada. Todos os componentes que equipamentos eletrônicos são recicláveis por indústrias especializadas, porém a informação não chega até as pessoas, que acabam descartando de forma irregular esses resíduos. Porém, existe um grande inconveniente no descarte inadequado destes equipamentos: baterias. As baterias, sejam elas de celular, notebook ou de um simples despertador, podem causar sérios danos ao meio ambiente, pois possuem metais pesados em sua composição, e estes, ao serem liberados para o meio ambiente, podem causar a contaminação de solos, aquíferos, cursos d’água, dentre outros, e que, o contato com estes meios contaminados podem gerar danos ao nosso sistema neurológico devido à contaminação por estes metais pesados, que são bioacumuladores, ou seja, não são eliminados do corpo e são acumulados ao longo da cadeia alimentar.
O desperdício na indústria de alimentos também assusta. Em alguns casos, quase 50% do alimento se perde antes mesmo de chegar ao consumidor final. Perde-se na colheita, no transporte incorreto até a indústria, na própria indústria, no transporte ao mercado e no próprio mercado. Após a compra do produto o desperdício também é grande. Toda a comida que jogamos fora completam o cenário de perdas no sistema. O desperdício não abrange apenas a questão de geração de resíduos, abrange também os recursos naturais e a energia gastos na produção da matéria prima, a energia gasta para a fabricação, a energia gasta no transporte. Todos esses custos da indústria do desperdício são repassados ao consumidor. Sim, você paga pelo sistema falho.
Sugiro que assistam a um vídeo bem antigo, de 1989, mas que nos faz repensar nossos valores. Chama-se Ilha das Flores. Tem apenas 13 minutinhos mas vale a pena assistir (clique aqui: http://www.youtube.com/watch?v=Hh6ra-18mY8&feature=related).
O desperdício não para por aí. Uma matéria da revista Superinteressante do ano de 2007 mostra dados assustadores da situação do desperdício nos Estados Unidos.
– 426 mil celulares saem de circulação diariamente
– 170 mil pilhas são produzidas a cada 15 minutos
– 1 milhão de copos plásticos são jogados no lixo a cada 6 horas em vôos comerciais
– 60 mil sacolas plásticas descartadas a cada 5 segundos
– 2 milhões de garrafas plásticas jogadas fora a cada 5 minutos
– 106 mil latas de alumínio jogadas no lixo a cada 30 segundos
Pois é, se esses são os dados antigos, imagine só como esse número não está muito maior hoje. E se este é o desperdício apenas dos Estados Unidos, imagine só a quantidade descartada em todo o mundo. É uma situação realmente alarmante.
Isso tudo é matéria prima, são recursos naturais desperdiçados, não são reciclados ou reaproveitados, simplesmente nunca mais serão úteis novamente. Esse material é descartado sem controle, muitas vezes nas ruas, em terrenos ou nos rios. São poucas as cidades atualmente que possuem aterro sanitário, que são a forma correta de se dispor os resíduos. Normalmente todo o lixo produzido em uma cidade é disposto em lixões a céu aberto.
Essa situação caótica que estamos vivendo deve ser repensada por cada um de nós. Até quando vamos deixar o sistema tomar conta de nossas vidas? Devemos repensar nossas reais necessidades de consumo, e após o seu consumo, realizar a destinação correta dos resíduos, de modo a reduzir os impactos causados no meio ambiente pelo produto que você consumiu. É a filosofia dos 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Recicle suas atitudes!