Esportes: não matemos a galinha dos ovos de ouro!

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Depois da tristeza de receber a notícia de que a prefeitura perdeu a chance de sediar os Jogos Abertos, soube nessa semana que a prefeitura decidiu abandonar a participação no evento. Para piorar, sei que os pagamentos do programa Bolsa Atleta estão há mais de um mês em atraso…

Só posso entender esse desastre como um reflexo direto do descaso histórico de nossa cidade com o Esporte, para o qual essa administração municipal, em sua segunda gestão, joga a pá de cal. Basta passar pela Cava do Bosque e dar uma olhada nas instalações e equipamentos. Perdemos a capilaridade nos bairros, o fomento dos celeiros de atletas jovens, o incentivo, a vergonha. Tudo isso, por estarmos a menos de um ano das Olimpíadas, o maior evento esportivo do mundo, e depois de termos sediado a Seleção Francesa de Futebol.

Vamos deixar um ponto claro: se você e eu temos consciência que a prática esportiva pode contribuir para nossa saúde física, mental e social, temos que valorizar as atividades colaborativas e competitivas, recreativas, amadoras, profissionais e fisioterápicas para todos. Mas, para quem almeja ser atleta, sobretudo por amor, a dedicação cotidiana é maior e o incentivo, também deveria ser!

O bom atleta abre mão de momentos festivos para empenho integral à modalidade esportiva escolhida, seja pelas horas exaustivas de treinamento, pelo controle corporal ou pelos deslocamentos e toda a logística de participação em competições, nas quais leva os nomes de nossa cidade, estado e país na bagagem, na camisa, tatuados no peito.
O brilho do atleta atrai o jovem, estimula o idoso, gera boa imagem para a cidade, cria divisas. Assim como a Cultura, o Esporte pode ser um pilar de fortalecimento da economia local. Só nós é que enxergamos isso?

Cidades próximas a Ribeirão Preto, com menor índice populacional como no caso de Araraquara, Barretos, Bauru, Sertãozinho investem de forma exemplar. Seja para receber torneios esportivos de peso ou para participar dos torneios em outros locais. Aqui em Ribeirão Preto, a cada votação de Lei Orçamentária anual, preciso repetir uma emenda que retire o Esporte e a Cultura da linha de corte do orçamento público no caso de crise. Antes disso, eram obrigatoriamente os primeiros a ver a fonte secar.

É terrível notar como as administrações municipais de Ribeirão Preto têm desconsiderado o Esporte que, a cada gestão, é mais delapidado. Se parece que chegamos ao fundo do poço, mas que ainda é possível piorar, não quero me deter nessa visão pessimista. Reconheço e fico indignado com essa situação calamitosa, mas prefiro entender que temos muito que resgatar e crescer.

Sem uma política pública séria para o esporte, hoje, nossos atletas vivem à sombra. Diferente de grandes nomes que nossa cidade revelou, como Sócrates (futebol), Laís Sousa (ginástica artística), Fernanda Venturini (vôlei), Nicholas Santos (natação), André “Bambu” (basquete), entre outras estrelas.

(Você sabia que este vereador que lhe escreve já foi campeão de Vôlei, representando Ribeirão Preto nos jogos abertos de Franca? Bom tempos…)

Nossa Ribeirão Preto conta com uma população acima de 660Mil habitantes e possui quatro faculdades com o curso de Educação Física. Há equipamentos como quadras e campinhos em todos os cantos, mesmo sem a devida manutenção esses espaços existem. A Cava do Bosque precisa urgentemente de reformas e revisões, mas está lá. Só falta a prefeitura acenar com boa vontade e nosso Esporte florescerá. Essa terra é fértil demais e as sementes são boas demais.

Não desanimemos. Precisamos ver a cidade melhorar.

Marcos Papa