O Jornal Tribuna publicou na edição de domingo (28), ampla entrevista com o vereador Marcos Papa (Cidadania), intitulada “Os projetos de Papa”. As perguntas foram feitas pelo jornalista Eliezer Guedes e abordaram desde a visão de Marcos Papa sobre a atual administração até os reflexos da pandemia no mandato parlamentar.

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Por uma agenda pró-desenvolvimento econômico

Em seu terceiro mandato como vereador em Ribeirão Preto, Marcos Papa (Cidada­nia) saltou da oitava coloca­ção entre os vereadores mais votados nas eleições de 2012, para a segunda posição nas eleições de 2016 e 2020. Em 2012 ele teve 4.941 votos, nas de 2016 obteve 7.124 e no ano passado 4.837 votos.

No atual mandato, além de continuar lutando por antigas propostas como a que nomi­na de “transporte coletivo de qualidade para a população”, o parlamentar quer articular esforços com várias entidades e implementar uma agenda pró-desenvolvimento econô­mico para Ribeirão Preto e sua Região Metropolitana.

Tribuna Ribeirão – O senhor está em seu terceiro mandato parlamen­tar. Como avalia sua reeleição nas eleições municipais do ano passado?
Marcos Papa
– A população reco­nheceu o valor do nosso trabalho por um transporte público de qualidade, coleta de lixo ambientalmente ade­quada e econômica, pelo combate à corrupção e estímulo à transparência, pela proteção animal e de nossos cur­sos d’água, pelas ciclovias interligadas como modal de mobilidade seguro, dentre outros. Uma vez mais fui o segundo vereador mais votado e isso me orgulha muito.

Tribuna Ribeirão – A pandemia do coronavírus mudou o jeito de se fazer campanha em função do dis­tanciamento social. Como o senhor fez para chegar ao seu eleitorado e se tornar pela segunda eleição con­secutiva o segundo vereador mais votado da cidade?
Marcos Papa
– Mudou muito. Qua­se não fui às ruas com sempre fiz. O dia a dia do nosso mandato é sempre muito intenso, assim como o contato com as pessoas. Nossa comunicação foi com­petente em comunicar os frutos desse trabalho à cidade toda e, no período eleitoral, contou com o ótimo trabalho online, agência de mídias digitais, as­sessorada também pela Paola Miorim, consultora na área, que acompanha nosso trabalho desde 2007.

Tribuna Ribeirão – A pandemia tem atrapalhado seu atual trabalho parlamentar?
Marcos Papa
– Muito. Tivemos que aprender a produzir de modo remoto. O atendimento digital da Prefeitura é precário. A Coderp ainda sofre com a devastação criminosa que sofreu e não consegue atender a Ad­ministração na velocidade e na qua­lidade necessárias, apesar do quadro qualificado de servidores. O prefeito precisa resolver isso com urgência, do contrário nossa cidade continuará de­satendida e isso é inaceitável porque pagamos impostos. Mesmo com a pandemia arrecadamos mais e a ina­dimplência foi pequena.

Tribuna Ribeirão – Um dos seto­res que o senhor sempre criticou e que já levou à Justiça é o do trans­porte coletivo. O senhor considera o contrato da Prefeitura com o PróUr­bano lesivo para a cidade?
Marcos Papa
– Sim. O Tribunal de Contas do Estado concorda comigo ao condenar o contrato e sua licitação. O Consórcio PróUrbano não cumpre cláusulas contratuais, como a que manda pagar 2% do faturamento, a tí­tulo de taxa de gerenciamento, para a Transerp ter recursos de fiscalização. O Consórcio não construiu o Termi­nal Central alegando que já fez todo o investimento previsto e a Prefeitura não contesta. Isso provoca uma série de gambiarras em pontos de ônibus, expondo os usuários e os motoristas a sofrimentos totalmente desnecessá­rios e até cruéis, como a falta de ban­co, cobertura e iluminação. O sistema de transporte público, que já era hostil aos usuários, tornou-se perigoso no momento da pandemia, sendo cons­tantes as aglomerações nos horários de pico. A Prefeitura precisa determi­nar a circulação de mais ônibus para acabar com esses gargalos. O sistema de reclamações para usuários precisa sair das mãos da concessionária e fi­car sob controle da Transerp.

Tribuna Ribeirão – Quais serão as suas prioridades neste mandato?
Marcos Papa
– Além de dar con­tinuidade a tudo que temos feito, implementar uma agenda pró desen­volvimento econômico. Vamos criar o ciclo de estudos para o enfrenta­mento do custo Ribeirão e da Região Metropolitana. Iniciamos diálogos com o Sincovarp para a formação do Conselho Intersetorial de Desenvolvi­mento Econômico e vamos ampliá-lo conversando com mais entidades. O deputado federal Arnaldo Jardim já está cooperando nesse processo. Rela­tou e aprovou a lei de pagamentos por serviços ambientais, o Fiagro e a Lei do Gás, legislações que impactarão positivamente em toda a nossa região. Nossa burocracia e legislação não podem ser tão impeditivas ao inves­timento e à criação de empregos. Te­mos que enfrentar isso juntos, nota­damente na retomada pós-pandemia. Ribeirão Preto é uma cidade próspera e pode ser mais justa e mais humana.

Tribuna Ribeirão – O que é a Rede de Ação Política pela Susten­tabilidade da qual o senhor é líder?
Marcos Papa
– É uma organiza­ção criada em 2012 com a missão de contribuir para o aprimoramento da democracia e do processo políti­co brasileiro, por meio da formação, apoio e desenvolvimento de lideran­ças políticas comprometidas com a transformação do país, estimulando a atuação em rede. Seu compromis­so é apoiar líderes políticos eleitos, de diferentes partidos e posições no espectro ideológico, para que com­preendam e incorporem os prin­cípios da sustentabilidade em suas ações, por meio de uma agenda téc­nica e temática, e também de uma atuação que potencialize a própria forma de fazer política, baseada na ética, na integridade, na transparên­cia e na inovação. Somos pessoas em momentos distintos da política institucional e de diversos partidos, dispostas a colocar as diferenças de lado para dialogar e trabalhar em conjunto por um País mais justo, com mais oportunidades, melhor qualidade de vida para todos e respei­to aos recursos naturais disponíveis.

Tribuna Ribeirão – Que avalia­ção o senhor faz da Administração Municipal na gestão da pandemia do coronavírus?
Marcos Papa
– Regular. Falta dia­logar melhor com a sociedade antes de tomar decisões e tomar providên­cias mais enérgicas em alguns casos. Demorou demais para punir festas clandestinas e principalmente lota­ções nos ônibus.

Tribuna Ribeirão – E que avalia­ção o senhor faz do presidente Bol­sonaro e do governador João Doria na condução das ações contra ao coronavírus?
Marcos Papa
 O morticínio, que infelizmente estamos vivendo, é a evidência do fracasso de Bolsona­ro. Boicotou a compra das vacinas, conspirou contra todas as medidas sanitárias recomendadas pelas au­toridades em Saúde e contaminou a sociedade com desinformações sobre os benefícios da vacina. Até aqui está faturando eleitoralmente em sua base eleitoral ao custo des­se caos e de um sistema de Saúde à beira do colapso. A Lei de Causa e Efeito é implacável. Governado­res e prefeitos fazem o que podem para mitigar os efeitos deletérios dessa desordem criada pelo presi­dente. É inegável o apoio de Doria ao Instituto Butantan para o desen­volvimento da Coronavac, vacina que está salvando vidas.

Tribuna Ribeirão – Se o senhor fosse presidente da Câmara quais seriam suas prioridades?
Marcos Papa
– Transformaria a Câmara em 100% digital, agilizando os trabalhos, economizando insu­mos e horas trabalhadas. Doaria a frota de veículos para a Prefeitura e faria uma licitação para locação de veículos para uso quando necessário pelo vereador que, quando usasse, teria o gasto somado no seu centro de custos. A economia seria imen­sa sem prejudicar o atendimento à população. Faria concurso para um auditor fiscal e contábil a fim de au­ditar os contratos e a aplicação dos orçamentos da Administração Di­reta e Indireta. Hoje professores da nossa USP me ajudam a fazer isso. Faria uma reforma da infraestrutura elétrica e de internet no prédio anti­go do Legislativo para a população usá-lo mais, através dos mandatos.

Tribuna Ribeirão – O senhor al­meja ser prefeito de Ribeirão Preto?
Marcos Papa
– Sim. Ribeirão Preto é uma cidade boa para se vi­ver, mas eu quero que seja boa para todos. Trabalho dia e noite para me­lhorar nossa cidade. Foram 22 anos na iniciativa privada, 12 no campo da política e durante todo esse tem­po atuando como empreendedor social no terceiro setor. A gente não para de aprender, mas já me sinto qualificado para esse desafio.

Link da reportagem:

https://www.tribunaribeirao.com.br/site/por-uma-agenda-pro-desenvolvimento-economico/