Dia da Rua Livre

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O dia 20 de junho de 2013 ficará marcado para a história da cidade de Ribeirão Preto.
Nesta data, houve a maciça ocupação das ruas, pela população, como exemplo
expressivo da cidadania, inserta no art. 1º, parágrafo único da Constituição Federal, bem
como exemplo para dignificar a democracia participativa.
O mês de junho de 2013 restou solidificado como período em que os cidadãos se deram
conta de um série de injustiças sociais e má atuação dos poderes públicos quanto aos
serviços por estes prestados, notadamente eclodido por conta de transporte público
coletivo.

Infelizmente, em citado dia, um jovem como tantos outros, estava nas ruas, descobrindo
a cidadania, quando ceifada a sua vida, de forma trágica, pela ação desencontrada de um
indivíduo desequilibrado. A seguir, para compor esta justificativa, transcreve-se a fala de
Nestor Müller, mestre do jovem Marcos Delafrate, marco deste dia a ser celebrado como
“Rua Livre”.

“Marcos Delefrate, 18 anos de esforços e ideais, de energia e projetos, estudante do
SENAI e do querido Otoniel Mota, foi mortalmente atingido, ontem, pelo impulso
prepotente de um motorista. Junto de amigos, de colegas, de professores, vibrava
com outras vinte e cinco mil pessoas de Ribeirão Preto numa passeata que em tudo o
mais foi pacífica, coincidente com outras trezentas e tantas que reuniram cerca de um
milhão de manifestantes em todo o país. O destino o escolheu como nosso mártir, esta é
a frase de um aluno do Otoniel, durante a singela homenagem que a escola lhe prestou
hoje logo cedo. A vida de Marcos foi ceifada, ontem, como uma flor arrancada cedo
demais de uma árvore, a imensa árvore da juventude brasileira que está saindo às ruas
para exigir respeito pelos direitos reais que as leis e a civilização lhe garantem. Marcos
era o filho único de um casal de operários. Eles estão lá, na Igreja que ele sempre
freqüentou, sentados junto ao esquife onde o rosto do menino continua sereno como
sempre foi. Mas agora sem voz, sem emoções, sem pensamentos. Aluno de escola
pública, estagiário numa indústria, lutador incansável, representa a todos nós que
estudamos e trabalhamos diariamente em condições inadequadas neste Brasil que deseja
e decidiu amadurecer.

Outro aluno, seu colega de academia, testemunhou: Marcos sempre passou uma atitude
de coragem. Então é essa coragem e essa perseverança que não podemos deixar fenecer.
A voz que Marcos não pode mais proferir seja multiplicada em nossos gritos insistentes
pelo que é certo e justo. Os sentimentos que não movem mais seu corpo forte sejam
assumidos por nossa tenacidade em prosseguir dizendo a todos que não aceitamos
violência nem conchavos corruptos. As idéias que não são mais expressadas por esse
jovem valoroso frutifiquem de mil modos em nossas mentes e em nossas conversas,
planejando um futuro digno dos sonhos de nossos filhos e alunos, desarmando as
mentiras que alguns aproveitadores maquinam, construindo empreendimentos criativos
que acabem com a miséria e produzam solidariedade.

Marcos Delefrate, de le frate, da fraternidade, mantinha acesa em seu peito a chama das
mudanças que queremos construir em nossa nação. No meio de uma tristeza cinzenta,
ainda sentindo a dor de uma perda lancinante, temos que assumir o vigor dessa chama
que o animava a estudar e trabalhar. Sua vida não pode ser jogada no esquecimento,
como gostaria o motorista foragido. Se uma escola tem sentido, se uma amizade vale a
pena, se os estudos rendem frutos, é para manter vivos os mais preciosos valores
humanos, estes que Marcos bem sabia cultivar e nos deixa como herança. Sua vida foi
um dom, sua morte torna-se um convite. Cada um responda, conforme sua consciência.
Ribeirão Preto, 12:00 horas de 21 de junho de 2013. *Nestor Müller, Mestre em
educação Física prof. de filosofia na Escola Estadual Otoniel Motta”

Em razão da importância desta prática médica e objetivando sua maior valorização,
aguarda a aprovação desta propositura pelos nobres pares.