A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara, que investiga irregularidades na concorrência n° 01/2014, convocou o ex-diretor do Daerp Luiz Alberto Mantilla para prestar depoimento no dia 25 de maio, às 14h30, no plenário.
Mantilla, que chegou a ser preso na primeira fase da Operação Sevandija, é uma das peças-chaves no esquema de corrupção que envolve a autarquia e a Aegea Engenharia, que foi desmantelado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, em setembro de 2016.
Para o presidente da CPI, vereador Marcos Papa (Rede), o ex-diretor do Daerp deve ajudar a elucidar o esquema fraudulento. “Como ele fez delação premiada, acredito que possa contribuir com a comissão no sentido de fechar o quebra-cabeça sobre os métodos utilizados para saquear os cofres da autarquia”, enfatizou.
Papa não descarta acionar a Justiça para ouvir Mantilla. “Se ele não vier com a convocação, vamos traze-lo mesmo que seja coercitivamente. Também esperamos que ele não fique em silêncio e conte à CPI tudo o que sabe”, acrescentou.
Oitivas de ex-funcionários
Na última quinta-feira (4), a CPI do Daerp ouviu três ex-funcionários da autarquia, dentre eles o ex-diretor técnico Ivo Colichio Junior, que participou da formulação técnica da concorrência. Apesar de o ex-diretor afirmar que “foi uma decisão pessoal deixar a autarquia porque o desgaste era muito grande”, a comissão considera que há indícios claros de um estratagema.
“Pelas informações obtidas pela CPI ficou claro que a exoneração do Ivo Colichio Junior foi uma ação deliberada do Mantilla para afastar qualquer pessoa que quisesse auditar a execução do contrato”, ressaltou o presidente.
Também foram ouvidos na quinta-feira (4) o ex-assessor administrativo Emílio Ricardo Gerhardt e a ex-chefe de Divisão de Planejamentos e Projetos Marília Cervelle Rubio Vendrúsculo. Apesar de ambos terem sido exonerados do Daerp uma semana após a Operação Sevandija ter sido deflagrada, a comissão acredita que tenha sido uma medida preventiva por parte do superintendente que assumiu a autarquia após o escândalo.
Esquema milionário
Um relatório feito pela Agência de Inteligência do Gaeco apontou que a Aegea recebeu R$ 29 milhões do Daerp entre o início das obras em 2014 e agosto de 2016, sendo que R$ 16 milhões teriam sido pagos a mais, por serviços não realizados, e mais de R$ 1,5 milhão teria sido destinado a pagamento de propina.
Em novembro do ano passado, o vereador Marcos Papa sugeriu à Justiça o bloqueio dos bens da Aegea Saneamento e Participações S.A – detentora de 99,99% do capital da Aegea Engenharia. O pedido do presidente da CPI foi acatado e foram bloqueados R$ 18,3 milhões da empresa para resguardar os cofres do município.