A Comissão Permanente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara de Ribeirão Preto alertou oficialmente a Cetesb para um possível risco de contaminação da bacia do Rio Pardo por meio de rejeitos radioativos. Além de protocolarem um ofício na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo solicitando investigação e providências imediatas, os três integrantes da Comissão se reuniram com o gerente da agência local, na última semana, reforçando a preocupação.
Presidida pelo vereador Marcos Papa (Rede), a Comissão tem como membro Paulinho Pereira (PPS) e como vice Nelson das Placas (PDT). O risco de contaminação da bacia deve-se ao iminente perigo de rompimento da barragem de rejeitos radioativos localizada em Poços de Caldas, no Estado de Minas Gerais, que acumula milhares de toneladas de misturas contaminantes, como urânio, tório e rádio.
A Câmara de Ribeirão Preto foi acionada pelo Legislativo de São José do Rio Pardo, por meio de uma indicação encabeçada pelo vereador Rafael Kocian (Rede). O documento também conta com a assinatura dos parlamentares Carlos Aparecido de Oliveira (PTB), Matheus Mafepi (PV) e Morgan (PR).
Na reunião, o gerente da Agência Ambiental de Ribeirão Preto, Otávio Okano, informou à Comissão que encaminharia o documento com o alerta à diretoria da Cetesb para análise imediata dos técnicos. Okano sugeriu que a Comissão também acione a Agência Nacional de Mineração e enfatizou que o rompimento da barragem de rejeitos radioativos geraria um problema muito sério para toda a bacia do Rio Pardo.
Para Marcos Papa, é “inadmissível que casos, como de Brumadinho e de Mariana, ambos em Minas Gerais, voltem a ocorrer”. “Solicitamos à Cetesb e também solicitaremos à Agência Nacional de Mineração uma averiguação imediata dos riscos porque está claro que se a barragem de Poços de Caldas se romper a tragédia será ainda maior devido aos rejeitos radioativos. Estamos preocupados com vidas. Estamos preocupados com o nosso meio ambiente. Precisamos evitar novas tragédias”, frisou o presidente da Comissão Permanente de Meio Ambiente e Sustentabilidade.
No ofício protocolado na Cetesb, a Comissão destaca que diversas irregularidades na infraestrutura da barragem de Poços de Caldas foram apontadas pelo Ibama e pela Comissão Nacional de Energia Elétrica (CNEM) e que reportagens veiculadas pelo Jornal Nacional/Globo e publicadas na Folha de São Paulo destacam os riscos iminentes provocados pela barragem.
A nascente do rio Pardo está localizada no município de Ipuiúna, no sul de Minas Gerais, e adentra o Estado de São Paulo após passar por Poços de Caldas. De grande aproveitamento hidroelétrico e curso total de 573 km, o rio Pardo atravessa inúmeros municípios paulistas, como Ribeirão Preto, até desembocar no rio Grande. Boa parte de seu volume de água vem do rio Moji-Guaçu, na região de Pontal, que também pode ser contaminado, caso a barragem de Poços de Caldas se rompa.