Em situação de emergência, uma barragem de rejeitos radioativos de Caldas (MG) – região de Poços de Caldas – pode contaminar toda a bacia do Rio Pardo, que inclui Ribeirão Preto, caso venha a se romper. Documento interno da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) alerta para a declaração de “início de situação de emergência” ou Nível 1 de emergência devido ao potencial comprometimento de segurança da estrutura.
Assinado pelo gerente da unidade, o documento foi elaborado após reunião técnica realizada no dia 7 de junho entre representantes da INB e da ANM (Agência Nacional de Mineração). Acompanhando o caso desde 2019, o presidente da Comissão Permanente de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mobilidade Urbana da Câmara de Ribeirão Preto, o vereador Marcos Papa (Podemos) está em contato com políticos da região e cogita uma visita à barragem nos próximos dias.
“Nos últimos cinco anos nos mobilizamos, questionamos órgãos técnicos e cobramos ações da Agência Nacional de Mineração. O alerta atual mostra que a situação é ainda mais grave e urgente, o que muito nos preocupa por questões humanitárias e ambientais, e também porque o Rio Pardo passa por Ribeirão Preto, pela nossa região e por parte do nosso Estado. Precisamos agir agora para prevenir um desastre ambiental com consequências incalculáveis”, enfatizou o vereador Marcos Papa.
Em 2019, Papa acionou a Cetesb, o diretor e gerentes da ANM, além de políticos da região. Em requerimento aprovado na Câmara de Ribeirão Preto, em maio de 2019, o vereador alertou que a bacia do Rio Mojiguaçu e afluentes também serão contaminados caso a barragem de Caldas venha a romper. Na época, Papa foi acionado pelo vereador Rafael Kocian, do Legislativo de São José do Rio Pardo.
“A existência desta área, que acumula milhares de toneladas de misturas contaminantes, como urânio, tório e rádio, impõe medidas de fiscalização da barragem de rejeitos e adoção de medidas de descontaminação, para garantia da preservação ambiental, notadamente das águas, tanto as superficiais quanto as subterrâneas, como lençóis freáticos, minas e nascentes”, frisou Marcos Papa na época.
Em resposta ao G1, a INB minimizou o problema alegando que não há fatos novos, que a barragem é permanentemente monitorada e que possui Plano de Ação de Emergência, que faz parte do Plano de Segurança de Barragem. Porém, o documento já repercute, inclusive tendo isso publicado pelo jornalista e ambientalista André Trigueiro.
Leia também:
Comissão questiona Agência Nacional de Mineração sobre fiscalização
Comissão alerta Cetesb para risco de contaminação do Rio Pardo